27/05/2009

AS PEDRAS TAMBÉM CHORAM

Duma pedreira me tiraram
Em pedaços me partiram
Para todos me pisarem
E depois ainda se rirem.

Tantas vezes sou pisada
Sem ninguém se compadecer
Sou apenas uma calçada
Que chora sem ninguém ver.

Por cima de mim vão passando
Carros pessoas e animais
Muitas ruas vou enfeitando
Com minhas cores e nada mais.

Estou pelo Mundo inteiro
Nas ruas praças e jardins
No fundo do mar, ou dum ribeiro
Nos monumentos e seus afins.

Desfazem-me aos bocadinhos
Ninguém tem pena de mim
Para arranjar os caminhos
Minha sina é mesmo assim.

Negra vermelha ou branquinha
Sou apenas natural
Sirvo para afiar tua faquinha
Enfeito a tua casinha
E até moo a farinha
Sou pedra filosofal.


Fernanda Dias