23/02/2008

Cantigas de antigamente

Ó pescador da barquinha
Volta a traz que vais perdido
Essa mulher que tu levas
É casada e tem marido.

Azeitona miudinha
Que azeite pode render
O homem que não tem barba
Que palavra pode ter.

Sobrancelhas como as tuas
São difícil de eu vê-las
Dois laços de fita azul
Que prende duas estrelas.

Pedreneira do mar alto
Deita cá uma faísca
Namorei teus lindos olhos
Logo á primeira vista.

Serás sempre o meu amor
Se assinares o que eu te digo
O resto da tua vida
Será passado comigo,

Chamaste-me pés de ginja
Não sou eu tão delicada
Não sou bonita nem feia
Nem de ti pretendo nada.

À minha porta faz lama
À tua faz um lameiro
Não digas mal do outro
Sem para ti olhares primeiro.

Políticos e namorados
Fartam-se de prometer
Depois de governados
As promessas vão esquecer.

Cantigas dos Reis na Época de 1940


Senhora que está em casa
Raminho de laranjeira
Ainda está neste mundo
Já no Céu tem uma cadeira.

Senhora dona de casa
Anda feita numa peneira
Com uma faca na mão
Ás voltas na salgadeira.

Cantamos à sua porta
Esperamos a seu perdão
Queremos toucinho e chouriça
Para o nosso caldeirão.

Venho lhe dar os bons reis
Já que as janeiras não pude
Digam-me lá os senhores
Como vai vossa saúde.

Cantigas que se cantavam nos bailes de roda


Cravo roxo na janela
É sinal de casamento
Ó menina tire o cravo
P’ra casar tem muito tempo.

Quando eu era miúdo
Usava calças pretas
Tenho a cara amarela
De fazer tantas caretas.

Tenho na minha janela
O que tu não tens na tua
Um vaso de violetas
Que dá cheiro a toda a rua.

As telhas do teu telhado
Escorrem mesmo sem chover
Acabaste o nosso amor
Ainda te vás arrepender.

Rosa cortada à roseira
Depressa perde a formosura
Filha roubada a seus pais
É amor de pouca dura.

Ladrão rouba
E torna a roubar
Rouba uma menina
Que te saiba amar.

Já cá vai roubada
Já cá vai na mão
Já cá vai ao lado
Do meu coração
Quem não rouba a moça
Fica paspalhão.

Que lindos olhos tem a padeirinha
Que lindos olhos tem a minha amada
Mal empregada andar na farinha
Mal empregada andar empoada.

É assim que o meu pai quer
É assim que minha mãe gosta
A saiinha pelo joelho
E o cuzinho sempre a amostra.

Joguei o limão correndo
À tua porta parou
Quando ele te quer bem
Que fará quem o deitou.

Eu pus um cravo de molho
Dentro dum copo de vidro
Resolve o teu coração
Que o meu já está resolvido.

O comboio apita às onze
Vai partir às onze e trinta
Mesmo a cantar lhe digo
Que não pretendo de você.

Muito sofre quem ama
De longe como enamorada
Muito mais pode sofrer
Quem ama e não é amada.

Amava-te eternamente
Se eterna pudesse ser
Mas como eterna não sou
Hei-de amar-te até morrer.

Nesta triste despedida
Não sei o que hei-de fazer
Levar-te não é possível
Deixar-te não pode ser.

Se ouvires tocar os sinos
Não procures quem morreu
Morreu o meu coração
Porque está longe do teu.

Rua abaixo rua acima
Com o teu chapéu na mão
Namorando as casadas
Que as solteiras certas estão.

Da folha do poejo
Mandei fazer um relógio
Para encontrar os minuto
Nas horas que te não vejo.

Se eu soube-se quem tu eras
Ou quem tu vinhas a ser
Nunca eu te tinha dado
Meus segredos a saber.

Quando era pequenina
Usava fitas e laços
Agora que sou casada
Trago meus filhos nos braços.

Anda amor se queres água
Que os meus olhos te darão
É pouca mas é clara
Nascida do meu coração.

O nome do meu amor
Com 8 letras se escreve
A primeira com um F,
E as outras não me esquece.??? Francisco


AO SALAZAR


Quem foi que pôs no puder
Cabeça não tinha concertes a
Um chantagista qualquer
Que pouco sabia ler
E foi ministro da defesa

Foi alguém que dele gostava
E queria que ele aprendesse
Tudo aquilo que lhe faltava
Pró papel que desempenhava
Só votava quem ele quisesse.

Foi assim o ditador
Que toda a gente enganou
Tornou-se num traidor
De tudo ele foi senhor
No cargo que ocupou.

Ninguém era senhor de nada
Nem sequer se podia falar
Tudo fazia pela calada
A altas horas da madrugada
Que ele mandava atacar.

O pobre povo inocente
Com tantos analfabetos
Andava tudo descontente
Eram presos constantemente
E ninguém lhe dava afectos.

Do grande Salazarista
Toda a gente tinha medo
Ele foi o maior fascista
Com cara de vigarista
Tudo mantinha em segredo.

Chegou o dia da revolução
Por todos tão desejado
Acabou a aflição
Em vez de armas na mão
Soldados de cravo encarnado. 25-04-1974


QUADRAS 2008


Não tenho nada que dê
A não ser o meu amor
Sou pobre não sei porquê
Mas dou graças ao Senhor.

Convivo com a felicidade
Entre o carinho e a fantasia
Quero partir p’ra eternidade
Com o coração cheio de alegria.

Não sei se isto é cansaço
O que sinto no meu peito
Só sei que a cada passo
Minha poesia tem mais jeito.

Penso em tudo o que me rodeia
E naquilo que não conheço
O que me sai da ideia
Deus dá-me e eu ofereço.












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